Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,a metafísica,
exclamam:como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar entre meio-dia e duas horas da tarde.
Adélia Prado
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